POLÍTICA
Teatro em questão
"O movimento pretende criar uma nova forma de lidar com a prática teatral, através da ocupação de espaços como galpões e casarões abandonados na cidade, revitalizando o entorno."
Dezenas de grupos participam do movimento Todo Teatro é Político, como os representantes Thiago Arrais, Herê Aquino e Rogério Mesquita. Representantes da classe teatral de um lado, secretarias da cultura de outro. A discussão em torno de políticas públicas para a linguagem foi exposta ontem no 41º Fórum Cearense de Teatro. Com um circuito cultural restrito, Fortaleza necessita ampliar e democratizar o acesso às diversas formas de arte. A partir desse pensamento, dezenas de grupos se uniram em torno do Movimento “Todo Teatro é Político”, com o objetivo de criar a Cooperativa Cearense de Teatro. Exatamente quatro meses após a divulgação da idéia, o 41º Fórum Cearense de Teatro foi levado adiante ontem, no Teatro Sesc Emiliano Queiroz. Segundo Thiago Arrais, um dos representantes do movimento, o fórum, que representa a instância máxima do teatro cearense, mostrou sua insatisfação com relação às políticas públicas para a área. “Expusemos o conteúdo da reuniões com os secretários de cultura, cobramos prazos e definimos novos passos de mobilização no sentido de pressionar o cumprimento das promessas feitas”, explica.Entre outras cobranças, o movimento exige maior compromisso das secretarias de cultura. No caso da Secult-CE, a “bronca” é com relação ao projeto de circulação de espetáculos do Sistema Estadual de Teatro (SET), criticado pelo fórum anterior. “Os grupos contemplados são indicados, não há um processo seletivo. Além disso, linguagens diferentes, como teatro, dança e circo, concorrem entre si. Somos contra”, reclama.A Secult informou por e-mail que o projeto de circulação questionado é, na realidade, um projeto de investimento estadual no valor R$ 250mil, o qual ainda não foi iniciado. “Somente será feito após uma ampla discussão no próprio sistema de teatros e fórum da linguagem”.Na sexta-feira, durante audiência com o secretário Auto Filho e representantes do movimento, foi decidido que, assim que o recurso solicitado para o edital das linguagens artísticas (no valor de R$ 3,2milhões) for aprovado pelo Governador, um novo debate será estabelecido entre a secretaria e o movimento. Após a reunião, Thiago Arrais também informou que uma proposta de ocupação de espaços públicos por grupos de teatro da cidade foi discutida. “O Secretário pediu que fizéssemos uma lista com cinco imóveis para que seja avaliado. Também faremos uma lista com obras de autores cearenses sobre teatro para serem publicados”, afirma.Já o diálogo com a Secultfor é definida por representantes como “complicado”. De acordo com eles, a Secretaria não possui nenhum projeto para as artes cênicas. Mesmo o pagamento de parcelas de editais, explicam, ocorrem com atraso. “O edital de 2009, por exemplo, só será lançado no fim do ano”, conta. Outro problema diz respeito à realização de um festival de teatro de Fortaleza, determinado por lei de 15 anos atrás, que segundo o movimento, não ocorre há dois anos. Ao longo desse tempo, afirmam que somente cinco edições foram realizadas.Por e-mail, em resposta às acusações, a Secultfor informou que a última reunião com o grupo aconteceu em maio, quando foi acordado uma deliberação comum: o movimento iria formular e apresentar à Secultfor uma proposta para um programa de formação direcionada aos grupos de teatro de Fortaleza. “Inclusive nos comprometemos a incluir essa proposta para um programa de formação em nosso Plano Pluri Anual - PPA 2010 - 2013”.No entanto, segundo a Secretaria, o movimento não apresentou proposta. “Mesmo assim incluímos em nosso PPA e já estamos trabalhando na elaboração de um plano municipal para formação em artes”.Com relação ao festival de teatro, a secretaria explicou que, em 2008, por problemas orçamentários e restrições impostas pela legislação eleitoral, o festival não pôde ser realizado. “Em contrapartida, a Secultfor realizou um curso de formação de atores e atrizes com o russo Valentin Teplyakov”. Neste ano, a justificativa da Secultfor para a não-realização do festival é a de que “a Prefeitura de Fortaleza teve que readequar sua programação orçamentária em virtude dos efeitos da crise econômica internacional, além da diminuição do repasse do Fundo Participação dos Municípios, o que também gerou um impacto no orçamento destinado à cultura”.
Propostas
A idéia de uma Cooperativa Cearense de Teatro surgiu no último dia 27 de março, quando o movimento “Todo Teatro é Político” apresentou uma série de proposições para a classe. O intuito é pleitear uma nova forma de lidar com a prática teatral. “O teatro local ainda é semi-amador, estamos em busca da profissionalização, de maneira que tenhamos ressonância na vida social”, explica Thiago Arrais, um dos representantes do movimento, ao lado de Herê Aquino, do grupo Expressões Humanas, e Rogério Mesquita, do Bagaceira Grupo de Teatro, alguns dos que integram a iniciativa.Ao todo, são cerca de 20 grupos de teatro envolvidos. Entre as reivindicações, destacam-se, além do desejo de profissionalização, sustentabilidade e estabilidade para a classe. O objetivo é executar projetos que não se limitem à montagem de espetáculos. “Fortaleza tem um circuito cultural claro. A maior parte da cidade fica descoberta. Queremos que os grupos se proponham a penetrar na cidade e a manter um diálogo vivo com ela”, afirma Thiago.Dessa forma, através da ocupação de espaços, como galpões, casarões abandonados, o grupo quer trabalhar o entorno, revitalizando áreas, formando platéia e também descobrindo novos artistas.
SÍRIA MAPURUNGA
Repórter
Teatro em questão
"O movimento pretende criar uma nova forma de lidar com a prática teatral, através da ocupação de espaços como galpões e casarões abandonados na cidade, revitalizando o entorno."
Dezenas de grupos participam do movimento Todo Teatro é Político, como os representantes Thiago Arrais, Herê Aquino e Rogério Mesquita. Representantes da classe teatral de um lado, secretarias da cultura de outro. A discussão em torno de políticas públicas para a linguagem foi exposta ontem no 41º Fórum Cearense de Teatro. Com um circuito cultural restrito, Fortaleza necessita ampliar e democratizar o acesso às diversas formas de arte. A partir desse pensamento, dezenas de grupos se uniram em torno do Movimento “Todo Teatro é Político”, com o objetivo de criar a Cooperativa Cearense de Teatro. Exatamente quatro meses após a divulgação da idéia, o 41º Fórum Cearense de Teatro foi levado adiante ontem, no Teatro Sesc Emiliano Queiroz. Segundo Thiago Arrais, um dos representantes do movimento, o fórum, que representa a instância máxima do teatro cearense, mostrou sua insatisfação com relação às políticas públicas para a área. “Expusemos o conteúdo da reuniões com os secretários de cultura, cobramos prazos e definimos novos passos de mobilização no sentido de pressionar o cumprimento das promessas feitas”, explica.Entre outras cobranças, o movimento exige maior compromisso das secretarias de cultura. No caso da Secult-CE, a “bronca” é com relação ao projeto de circulação de espetáculos do Sistema Estadual de Teatro (SET), criticado pelo fórum anterior. “Os grupos contemplados são indicados, não há um processo seletivo. Além disso, linguagens diferentes, como teatro, dança e circo, concorrem entre si. Somos contra”, reclama.A Secult informou por e-mail que o projeto de circulação questionado é, na realidade, um projeto de investimento estadual no valor R$ 250mil, o qual ainda não foi iniciado. “Somente será feito após uma ampla discussão no próprio sistema de teatros e fórum da linguagem”.Na sexta-feira, durante audiência com o secretário Auto Filho e representantes do movimento, foi decidido que, assim que o recurso solicitado para o edital das linguagens artísticas (no valor de R$ 3,2milhões) for aprovado pelo Governador, um novo debate será estabelecido entre a secretaria e o movimento. Após a reunião, Thiago Arrais também informou que uma proposta de ocupação de espaços públicos por grupos de teatro da cidade foi discutida. “O Secretário pediu que fizéssemos uma lista com cinco imóveis para que seja avaliado. Também faremos uma lista com obras de autores cearenses sobre teatro para serem publicados”, afirma.Já o diálogo com a Secultfor é definida por representantes como “complicado”. De acordo com eles, a Secretaria não possui nenhum projeto para as artes cênicas. Mesmo o pagamento de parcelas de editais, explicam, ocorrem com atraso. “O edital de 2009, por exemplo, só será lançado no fim do ano”, conta. Outro problema diz respeito à realização de um festival de teatro de Fortaleza, determinado por lei de 15 anos atrás, que segundo o movimento, não ocorre há dois anos. Ao longo desse tempo, afirmam que somente cinco edições foram realizadas.Por e-mail, em resposta às acusações, a Secultfor informou que a última reunião com o grupo aconteceu em maio, quando foi acordado uma deliberação comum: o movimento iria formular e apresentar à Secultfor uma proposta para um programa de formação direcionada aos grupos de teatro de Fortaleza. “Inclusive nos comprometemos a incluir essa proposta para um programa de formação em nosso Plano Pluri Anual - PPA 2010 - 2013”.No entanto, segundo a Secretaria, o movimento não apresentou proposta. “Mesmo assim incluímos em nosso PPA e já estamos trabalhando na elaboração de um plano municipal para formação em artes”.Com relação ao festival de teatro, a secretaria explicou que, em 2008, por problemas orçamentários e restrições impostas pela legislação eleitoral, o festival não pôde ser realizado. “Em contrapartida, a Secultfor realizou um curso de formação de atores e atrizes com o russo Valentin Teplyakov”. Neste ano, a justificativa da Secultfor para a não-realização do festival é a de que “a Prefeitura de Fortaleza teve que readequar sua programação orçamentária em virtude dos efeitos da crise econômica internacional, além da diminuição do repasse do Fundo Participação dos Municípios, o que também gerou um impacto no orçamento destinado à cultura”.
Propostas
A idéia de uma Cooperativa Cearense de Teatro surgiu no último dia 27 de março, quando o movimento “Todo Teatro é Político” apresentou uma série de proposições para a classe. O intuito é pleitear uma nova forma de lidar com a prática teatral. “O teatro local ainda é semi-amador, estamos em busca da profissionalização, de maneira que tenhamos ressonância na vida social”, explica Thiago Arrais, um dos representantes do movimento, ao lado de Herê Aquino, do grupo Expressões Humanas, e Rogério Mesquita, do Bagaceira Grupo de Teatro, alguns dos que integram a iniciativa.Ao todo, são cerca de 20 grupos de teatro envolvidos. Entre as reivindicações, destacam-se, além do desejo de profissionalização, sustentabilidade e estabilidade para a classe. O objetivo é executar projetos que não se limitem à montagem de espetáculos. “Fortaleza tem um circuito cultural claro. A maior parte da cidade fica descoberta. Queremos que os grupos se proponham a penetrar na cidade e a manter um diálogo vivo com ela”, afirma Thiago.Dessa forma, através da ocupação de espaços, como galpões, casarões abandonados, o grupo quer trabalhar o entorno, revitalizando áreas, formando platéia e também descobrindo novos artistas.
SÍRIA MAPURUNGA
Repórter