sexta-feira, 4 de junho de 2010

ARTE AGREDIDA

“POLÍCIA PARA QUEM PRECISA DE POLÍCIA!”

Amigos e Amigas do Teatro
Absurdos como esse devem ter o repúdio não só do movimento cultural de nossa cidade como também de todas as instituições que acreditam nas liberdades, num estado de direito Democrático e Republicano.

Uma truculência como a que tomamos conhecimento nos remete ao RODA VIVA (atores e público espancados dentro do teatro). Uma vez que não estamos mais no tempo em que militares interferiam muitas vezes sobre o viver, o fazer, o criticar, o criar dos cidadãos cabe-nos agir para que tal ato de violência as liberdades, não se torne um habito em nossas cidades enviemos esse e-mails para todos inclusive para a ouvidoria do Estado do Ceará. http://sou.cge.ce.gov.br/publico/CadastroManifestacao.aspx;
Tornar público um ato bárbaro de preconceito a arte alertará para que o mesmo não se repita.

VIVA A LIBERDADE,
VIVA A DEMOCRACIA,
VIVA O TEATRO CEARENSE!!!!!!!!!!!!

Carri Costa
Ator, diretor e produtor da Cia Cearense de Molecagem
e integrante da APTECE (Associação dos Produtores Teatrais do Ceará)

44º FÓRUM CEARENSE DE TEATRO - CONTRA OS DESMANDOS DAS SECULT'S

ATA DO 44º FÓRUM CEARENSE DE TEATRO

DIA: 24/05/2010
HORÁRIO:19h
LOCAL: Galeria Paleta do Tota

PROPONENTE: Movimento Todo Teatro é Político

ENTIDADES REPRESENTATIVAS PRESENTES:
APTECE – Associação dos Produtores Teatrais do Ceará (Carri Costa)
ABTB – Associação Brasileira de Teatro de Bonecos – Núcleo CE (Izabel Vasconcelos)
FESTA – Federação Estadual de Teatro Amador (Jonh White)

GRUPOS PRESENTES:
Abaquar Motirô
Cambada
Cia Cearense de Molecagem
Cia do Miolo (SP)
Cia Epidemia de Teatro de Bonecos
Cia Teatro Raízes
Cia Teatral Acontece
Cia Sonhar de Artes Cênicas
Grupo Expressões Humanas
Grupo Imagens de Teatro
Grupo Pavilhão da Magnólia
Rãmlet Soul
Trupe Caba de Chegar
Teatro Máquina
Taipa Teatro de Rua

INDEPENDENTES:
Angelim
Fran Bernardino
Leir Pontes
Siomar Ziegler
Solange Teixeira

Iniciando as 19h30 o 44º Fórum Cearense de Teatro teve como pauta “CONTRA OS DESMANDOS DAS SECULT’S”, obteve 31 presentes. Após um breve relato da última reunião (dia 04) com a Secultfor abriu-se uma plenária para discussão:

BREVE RELATO DA ÚLTIMA REUNIÃO COM A SECULTFOR

- O Festival de Fortaleza será realizado exatamente como proposto pelo nosso Movimento: priorizando grupos, chamando grupos de fora para residências (e a ser escolhidos pelo Fórum), presença dos curadores dos maiores festivais do Brasil, assim como críticos de nome nacional. Em suma: um festival-vitrine, e que ao mesmo tempo desenvolva ações integradas, para além da simples apresentação de uma peça.

- O Programa de formação em teatro será realizado exatamente como proposto pelo Movimento: 6 grupos teatrais de trajetória continuada selecionados via edital irão para intercambio com 6 grupos iniciantes das 6 regionais de Fortaleza, para período de troca, convivência e aprendizado ao longo de 5 meses, gerando um resultado final em dezembro deste ano (o projeto começa junto com o Festival e terá mais dos que os recursos inicialmente previsto - de 150 mil custará quase 200 mil).

- O edital é que foi o pomo da discórdia. Parte dele atendeu às demandas do Movimento, já que irá priorizar manunteção de grupos (serão 4 grupos contemplados, cada qual com 60 mil ao longo de um ano). A discordância maior ficou com a segunda categoria (de tudo que não se encaixa como manutenção): foram destinados apenas 90 mil reais, para cobrir três projetos de 30 mil. Insistimos nesse ponto, mas o máximo que conseguimos da Secultfor foi o comprometimento que o festival e o projeto de formação não sofrerão cortes orçamentários no futuro, e que, para o próximo ano, se focará na ampliação dos recursos do edital em teatro.

- Reunião com a prefeita ficou de ser marcada em breve.

ASSUNTOS ABORDADOS NA PLENÁRIA:
- papel dos coordenadores de teatro inseridos nas secretarias
- formação de uma comissão ao invés de GT
- garantia de recursos para o festival
- clareza e democracia nos recursos investidos
- valorização dos espetáculos locais
- entendimento das secretarias para com as necessidades da classe teatral
- mídia equivocada em relação ao movimento teatral
- funcionamento e ampliação das intervenções LUIZIANNE VÀ AO TEATRO

SOBRE A SECULTFOR FICOU DECIDIDO:

Devido ao formato do edital, mesmo com a insatisfação quanto aos recursos destinados, a classe aceita o edital e sugere a formação de Comissões do Fórum que acompanharam o andamento do Festival e Formação.

COMISSÃO DE FORMAÇÃO: Siomar Ziegler, Herê Aquino, Vanéssia Gomes e Angelim.

COMISSÃO DO FESTIVAL: Thiago Arrais, Siomar Ziegler, Izabel Vasconcelos e Almeida Jr.

Dando continuidade ao fórum, segue a segunda pauta, SECULT/CE. Após explanar sobre a atual situação do Edital de Incentivo as Artes, categoria Teatro e do descumprimento da manutenção dos recursos para a categoria, uma redução de 50% do orçamento. Abre-se a plenária para discutir que atitude tomar:

ASSUNTOS ABORDADOS NA PLENÁRIA:
- papel dos coordenadores de teatro inseridos nas secretarias
- recursos que voltam para o FEC
- entendimento das secretarias para com as necessidades da classe teatral
- orçamento estadual inferior ao municipal
- organização da secretaria quanto aos protocolos e documentos dos projetos
- desburocratização dos editais, mais acessibilidade aos editais, a exemplo da FUNARTE.
Como a reunião com o secretário de cultura Sr. Auto Filho estava marcada, foi tirado em votação por unanimidade a não aceitação do edital com recursos de R$ 500.000,00 categoria teatro (50% capital e 50% inferior), mas qualquer posição só seria tomada após reunião com a secretaria.


Movimento Todo Teatro é Político.

VÁ AO TEATRO!

Artigo publicado no Jornal O Povo de 02/ 06/2010 e que estamos divulgando pela percepção crítica, sensibilidade e carinho com que o tema “Vá ao Teatro” ou mesmo, "O teatro Cearense" é abordado pela escritora Tércia Montenegro.

Opinião - Vá ao teatro!
Tércia Montenegro
02 Jun 2010




Ainda me espanto com o susto de alguns colegas quando constatam minha assídua frequência ao teatro – apesar de eu não ser alguém “da área”. Ora, mas não parece lógico que o teatro, como toda arte, deva atingir o público em geral? Claro que os próprios artistas devem acompanhar os processos de seus pares, com objetivo de estudo, crítica ou apoio. Mas é a grande plateia, leiga e distante das técnicas, que costuma ser o principal alvo das empreitadas estéticas. Assim, não deveria ser motivo de choque o fato de se ver um ou dois espetáculos por semana. Se uma pessoa vê idêntica quantidade de filmes no mesmo período – não sendo “da área” do cinema – não costuma ser encarada com estranheza... Por que, então, com o teatro o julgamento seria diferente?

Penso que um dos motivos ainda é o preconceito que se tem com as produções da terra. Afinal, não sobra cadeira vaga, quando uma sala traz atores globais – da mesma forma que os filmes hollywoodianos sempre são lotados. E o pior do preconceito é a prática que ele carrega, do “não vi e não gostei”: inibe-se qualquer chance de simpatia ou fruição pelo simples boicote que as verdades estabelecidas exercem.

Na contramão desse pensamento, afirmo que as piores peças que já vi foram exatamente aquelas que traziam atores consagrados na telinha. Certa vez, inclusive, à saída de um desastre dramatúrgico aplaudido de pé por quase todos (devido à famosa atriz), não me contive e comentei com a pessoa que me acompanhava: “Nossa! Foi péssimo!” Nunca esquecerei a expressão de uma moça que passava ao lado e me ouviu. Se ela tivesse encontrado na fila um E.T., seu medo não seria maior.

Para quem teve o seu primeiro alumbramento teatral vendo Flor de obsessão, com um visceral Ricardo Guilherme, o caminho tem de ser outro. Não dá para se contentar com fórmulas ou estereótipos – ainda mais quando o teatro cearense tem tanto para oferecer, em matéria de criatividade e poética. Sinto orgulho de ser contemporânea de artistas maravilhosos e poder vê-los no tempo real e vivo que o teatro eterniza na mente de quem lá esteve – e viu.
Acompanhar o repertório do grupo Bagaceira, as peças do Cabauêba ou da Comédia Cearense; ver os trabalhos do Silvero Pereira, as ótimas propostas do Carri, ou conferir em cena os roteiros do Lira... tudo isso me dá uma satisfação incomparável, e não é por bairrismo. Basta comparar a nossa qualidade teatral com alguns duvidosos espetáculos que vêm para cá, dos eixos mais festejados... Normalmente ganhamos!

Peças delicadas como O cantil, Revoar, Encantrago ou Tudo o que eu queria te dizer convivem numa cena que traz também a ousada maturidade de Abajur lilás e Rãmlet Soul, por exemplo. Mas é óbvio que aqui não conseguiria citar todos os espetáculos incríveis que já vi no teatro cearense. Tenho somente o impulso de celebrar: a cada vez que saio de um teatro com as mãos ardidas de um aplauso sincero, sinto-me feliz. E para que não digam que sou hostil ao que vem de fora, lembro minha sensação quando o Ceará recebeu Os Sertões, do Oficina, e quando, em 2009, Eugenio Barba veio ao Theatro José de Alencar. Sinto-me abençoada. É a arte que vence, apesar de tudo. Mas quem vence, acima de todos, somos nós – o público.

Tércia Montenegro - Escritora, fotógrafa e professora da Universidade Federal do Ceará
literatercia3@gmail.com

As Máscaras da Hipocrisia


Na última terça-feira, 25 de maio, em apresentação na praça José de Alencar, atores do espetáculo Rãmlet Soul foram agredidos física e moralmente, sob incitação e conivência de policiais militares (ver relato e vídeo anexos). Os policiais, desrespeitando os direitos básicos de cidadania e de expressão artística, promoveram a violência – inaceitável sob qualquer pretexto - contra o elenco da peça, sob alegações homofóbicas, e em total abuso de poder. O espetáculo, que ao longo de sua trajetória jamais encontrara problema semelhante por parte do cidadão comum (que perfaz o seu público de realidades tão diversas), viu-se surpreendido pela violência criminosa ter partido da intolerância e do desmando de um braço institucional do Estado, destinado justamente a proteger: a polícia – em total desacerto com os limites legais do seu ofício.


Defendemos que tal ocorrido, em tempos de garantias democráticas, e quando acreditamos no poder da arte para que transformações humanizantes se processem no mundo, é em tudo inadmissível. Entendemos que a agressão sofrida transcende os limites de uma peça, sendo extensiva ao teatro como um todo: este, sim, o maior agredido na dignidade de sua função. Vivemos, com toda certeza, um momento em que o poder da arte teatral se reafirma por todo o país. Um teatro que se expande, conquista novos públicos, busca a dignidade de seu oficio e de sua função pública, que vem se inserindo no centro das questões de seu tempo. É por esse motivo que fatos como o ocorrido no último dia 25 não podem ficar impunes e em silêncio.


Ratificamos, no presente documento, o nosso desagravo a qualquer forma de violência, intolerância e abuso de poder contra o teatro, um bem social por direito. Exigimos junto à Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará que sejam tomadas as medidas legais no sentido da punição dos agentes policiais envolvidos nesse lamentável acontecimento.
Por um teatro respeitado em sua dignidade.
Thiago Arrais
Diretor do Espetáculo Rãmlet Soul
Integrante do Movimento Todo Teatro é Político

LUIZIANNE, VÁ AO TEATRO!



MANIFESTO SOBRE O DESCASO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA COM O TEATRO

Ø Vá ao teatro para ver um movimento atuante, com dezenas de companhias teatrais engajadas, em movimento pela cidade, buscando uma arte pública, estruturada, seu reconhecimento de bem social, atividade produtiva que merece respeito e dignidade justos ao seu trabalho e sua importância.

Ø Vá porque esse mesmo teatro tem sido vítima de um descaso imperdoável, inadmissível para uma gestão que teve no discurso cultural um de seus fortes pilares, mas que encerrou 2009 sem uma ÚNICA ação para a área teatral, descumprindo mesmo as que estavam previstas em lei.

Ø Vá ao teatro para honrar o compromisso de sua prefeitura (SECULTFOR e Gabinete de Políticas Públicas) selado com a classe teatral, há quase dois meses, de que seria recebida por você para discussão de questões que são de largo interesse social - e que seguem em silêncio. Encontro que vem sendo sistematicamente protelado, em gesto de total desrespeito com uma classe trabalhadora e com o verdadeiro significado de políticas públicas.

Ø Vá ao teatro, Luizianne, pois o teatro, com toda a força de sua condição e de sua presença, irá até você.



Movimento Todo Teatro É Político.


Fortaleza, 06 de maio de 2010