quarta-feira, 4 de novembro de 2009

MANIFESTO - LEI DE FOMENTO AO TEATRO CEARENSE


Prezados amigos da cultura de Fortaleza,


O Movimento Todo Teatro Político, que se faz presente nesta importante Conferência, deseja falar-lhes em nome de causas que vêm sendo pleiteadas ao longo de todo o ano, e que na verdade representam anseios históricos da classe teatral cearense.


Dezenas de companhias e todas as entidades teatrais, não somente da capital, mas de todo Estado, estão mobilizadas neste Movimento. Unidas no propósito de, finalmente, encarar o teatro como uma atividade produtiva, um bem público indispensável à sociedade.


O sentimento geral da classe teatral cearense é o de que não é mais possível que o teatro permaneça marginalizado, numa espécie de “gueto cultural”, destinado a poucos privilegiados, enquanto a cidade agoniza na miséria, na falta de reflexão, na privação do sentimento estético, do desejo de mudança e transfiguração que é tão próprio à arte teatral.


Ciente do papel público de qualquer artista, a classe teatral de Fortaleza não se basta com sua participação em nosso exíguo “corredor cultural”, entre o Centro da cidade e o Dragão do Mar. É sabido, por mais que nos constranja a todos, que mais de 90% dos fortalezenses jamais freqüentou tais salas de teatro. Parece-nos urgente, por sabermos do poder transformador da arte teatral, torná-la acessível a esse gigantesco contingente.


Para tanto, é fundamental que nosso poder político municipal reconheça o teatro como uma necessidade social, e seja parceiro de seu principal agente: a classe teatral.


Defendemos uma expansão qualificada do teatro por Fortaleza. O que significa não somente o incremento de ações teatrais pontuais pelos bairros mais populosos e carentes da cidade, mas sim o fomento de um teatro de qualidade, estruturado, que cumpra esse sentido de “ocupar” culturalmente os mais distintos quadrantes de Fortaleza.


Isto somente é possível através de medidas planejadas, que não fiquem ao sabor das gestões de governo ou de programas ocasionais em cultura, cujo alcance é momentâneo e incapaz de alterar substantivamente o panorama cultural da nossa capital. Trata-se, portanto, de algo que deve ser assegurado de modo definitivo, previsto em Lei.


Entendemos, assim, ser especial este momento em que a Conferência delibera sobre a criação de um Sistema de Fomento à Cultura, ao qual, desde já, empenhamos nosso apoio.


Todavia, o Movimento Todo Teatro É Político ingressa nessa discussão ao defender a necessidade, dentro desse âmbito, de uma Lei Complementar de Fomento ao Teatro. Esta, na realidade, tem sido a grande bandeira defendida pelo Movimento teatral, através de audiências públicas, seminários, entrevistas à imprensa e fóruns da linguagem. Seu projeto, resultante também do diálogo com ações semelhantes em todo país, já se encontra bastante amadurecido.


Sua razão maior de ser é que a natureza da Lei de Fomento ao Teatro se sustenta sob uma série de características próprias, que não se limitam ao simples exercício da linguagem teatral, mas que a encara como um fenômeno global, de atuação direta na paisagem social.


Foi deste modo que cidades como São Paulo e Porto Alegre, pensando o teatro em suas especificidades, inclusive orçamentárias, aprovaram suas respectivas Leis de Fomento ao Teatro, detonando em seus meios uma efervescência cultural sem precedentes.


Um projeto assentado na premissa de que é preciso DESCENTRALIZAR a atividade teatral, expandido-a por toda Fortaleza, através da OCUPAÇÃO, pelas companhias de teatro, de espaços públicos/privados e de equipamentos culturais. Multiplicando, assim, os espaços culturais da cidade, geridos pelas companhias de teatro. Visando sempre o benefício público, que é o da formação de platéia e formação artística, a populações inteiras que até hoje não têm acesso ao teatro.


Isto só é possível com o apoio continuado, o fomento à MANUNTENÇÃO das companhias teatrais. As quais devem ser encaradas como eixo dessa visão do teatro como atividade produtiva. Um teatro comprometido com a PESQUISA artística (portanto não mercadológico, porém profissional), que disponha de condições reais de trabalho e de subsistência. E que possa, por meio dessas estratégias de fomento, expandir, por própria conta, suas atividades, tornando-se, afinal, GRUPOS DE TEATRO EMPREENDEDORES.


Acreditamos firmemente na capacidade de transformação da cidade pelo fomento à cultura e, neste caso, à atividade teatral especificamente (de vez que ela é específica). Modelos já bem sucedidos nesse sentido só confirmam tal perspectiva.


Aberto a promover esse importante diálogo com o poder público e demais setores organizados de nossa sociedade,


Movimento Todo Teatro É Político.

Em razão da matéria "Polêmica no Edital das Artes"...

Em razão da matéria “Polêmica no Edital das Artes" (http://www.opovo.com.br/opovo/vidaearte/911462.html) na qual o Movimento Todo Teatro Político é mencionado, gostaríamos de solicitar espaço de esclarecimento sobre uma questão que é, sem dúvida, de grande importância pública. Trata-se do aumento de mais de 400% dos recursos destinados às artes cênicas cearenses no Edital das Artes 2009 da SECULT-CE, abordado, pelo jornal, sob o viés da disparidade de verbas face às demais linguagens artísticas.

É fundamental desfazer qualquer “polêmica” a respeito de uma hipotética concorrência entre essas linguagens. O foco definitivamente é outro.O montante de R$1,04 milhão destinados às artes cênicas no presente edital não se deu às custas de cortes orçamentários das outras categorias, quando comparadas com os editais anteriores. Se com as artes cênicas, entretanto, o salto quantitativo foi maior, isso se explica por um sentimento organizado da classe teatral, que, em bloco, não mais admitia os magros recursos públicos destinados à atividade teatral, assim como o modo como estes eram empregados.

Num processo em que se sucederam audiências públicas, seminários, fóruns, entrevistas, reportagens, atos públicos, manifestos, ações de todo tipo enfim, logrou-se apresentar uma proposta de Edital, feita por artistas, para a linguagem cênica à SECULT-CE. O que estava em pauta, portanto, não se resumia a valores, mas a conteúdo, um modo de construir teatro, visto na sua dimensão profissional e cidadã. Uma dimensão até então não aplicada ao teatro cearense.

A categoria Artes Cênicas deste novo Edital é fruto do diálogo maduro entre uma classe teatral mobilizada e um poder público encorajado pelo vigor de propostas reivindicatórias. Acima de qualquer polêmica, trata-se de um fato a ser festejado, uma conquista histórica do teatro cearense, agora em pé de igualdade com os investimentos públicos das maiores capitais culturais do país. Uma conquista, por conseguinte, extensiva a toda comunidade cultural do Estado, uma vez que aponta as possibilidades de uma classe artística mobilizada, seja qual for seu segmento.

Entendemos viver um processo de profundas transformações do lugar da cultura em nossa sociedade, fruto, antes de tudo, de uma consciência mais clara do papel do artista e de sua arte. E é por esse motivo que acreditamos que será natural que todas as linguagens artísticas do Ceará hão de mobilizar-se, cada vez mais, para alcançar a justa envergadura que lhes compete. Já não mais, nenhum de nós, sob a lógica tacanha de disputar migalhas na lama. Mas sim de olhar cada vez mais alto e conquistar seu lugar de direito. Estamos todos na mesma barca do desejo. E quem ganhará com essa luta é todo o Ceará, renovado por uma cultura finalmente fortalecida.


Movimento Todo Teatro É Político



Fortaleza, 23 de setembro de 2009

Polêmica no Edital das Artes - Jornal O Povo (22.09.2009)


Políticas Públicas



Em 2008, a Secretaria de Cultura do Estado (Secult), através do Edital das Artes, investiu R$ 1,5 milhão no fomento da música, literatura, artes visuais e artes cênicas. Este ano, o aporte mais que dobrou: passou para R$ 3,2 milhões, que vão contemplar projetos nessas mesmas áreas. Além desse valor, mais R$ 3 milhões foram investidos somente em audiovisual, em edital já encerrado. O recurso é o maior já disponibilizado, mas vem despertando polêmica. Do total da verba, R$ 712 mil são destinados à literatura, R$ 400 mil, à música e R$ 1,54 milhão, às artes cênicas.

``A Secult foi feliz no aumento do orçamento, mas alguns pontos precisam ser comentados. Primeiro que eles lançaram um edital sem ter pago os contemplados do ano passado. Depois que alguns valores de itens específicos diminuíram e não atendem bem ao que é necessário. Por exemplo, R$ 10 mil para circulação no Estado é pouco. Sobre a diferença de valores, acho que é natural até certo ponto. Cinema é uma área que tem projetos muito mais caros e tem que ter, sim, essas diferenças, mas a disparidade é muito grande``, comenta Thaís Andrade, produtora cultural e representante da Rede Ceará de Música.

Mas a maior discussão está concentrada mesmo é nas artes cênicas. Do R$ 1,54 milhão, R$ 1,04 milhão estão direcionados ao teatro, enquanto a dança dispõe de R$ 300 mil, e o circo, de R$ 200 mil. Para a bailarina Cláudia Pires, o abismo entre os valores foi uma surpresa negativa: ``A maneira como o Governo lida com as linguagens de formas diferentes é uma demonstração de desrespeito. Há tempos que tentamos audiências com o secretário para discutir políticas de formação e fomento à produção na nossa área, sempre participamos das bancas para sugerir melhorias para os próximos editais, mas nunca somos atendidos``, diz.

O ator circense Cláudio Ivo também considera a disparidade de aporte uma forma de desrespeito à classe. ``É uma questão de igualdade, de as artes serem tratadas com o mesmo valor. Acaba ficando uma coisa meio discriminatória: existe o teatro, existe a dança, que é uma arte menor, e existe o circo, que é menor ainda``, opina. Cláudio lembra que, por uma luta da classe, que criou uma associação (Associação dos Proprietários, Escolas e Artistas de Circo do Ceará), o circo foi incluído como categoria de artes cênicas no Edital das Artes. ``Mas, mesmo assim, ainda precisa ser mais valorizado``, defende.

Com a maior verba do edital, o teatro só tem a comemorar. Herê Aquino, do movimento Todo Teatro é Político, afirma que o aumento do aporte este ano foi fruto de mobilização. ``O edital foi conquista nossa, todo elaborado pela classe. Ficamos superfelizes com a sensibilidade da Secult de ter atendido a maioria das reivindicações. Foram 400% de aumento, conquistado à base de diálogo com o secretário. Fomos juntos porque sozinho ninguém faz nada, e mostramos que os valores do edital estavam defasados há muitos anos``, conta.

E MAIS - Sobre o imbróglio, a Secult argumenta que, no ano passado, algumas categorias tiveram sobras nos orçamentos. As artes cênicas tiveram aporte em torno de R$ 200 mil por categoria. No circo, foram R$ 25 mil residuais e na dança, R$ 6.443. No teatro, não houve sobra.

- Procurado pela reportagem, o secretário Auto Filho não pode comentar diretamente a questão por compromissos de agenda.

Alinne Rodrigues

alinnerodrigues@opovo.com.br

I FÓRUM GERAL DAS LINGUAGENS - 29.09.2009


Aos vinte e nove de setembro de dois mil e nove às dezenove horas e quinze minutos estiveram presentes, junto a outros colegas, no Teatro Morro do Ouro, anexo do Theatro José de Alencar, situado em Fortaleza/CE, Uiara Santana representando a Associação dos Proprietários, Artistas e Escolas de Circo do Ceará, Jader Soares representando o Fórum de Humor, Ana Célia representante do Movimento do Artesanato Consciente, Thaís Andrade representando a Música, Aspásia Mariana e Valéria Pinheiro representando o Fórum de Dança, Siomar Ziegler representando o Movimento Todo Teatro é Político, Clerton Martins representando a Comissão Cearense de Folclore, Mileide Flores representando o Fórum de Literatura, Duarte Dias representando a Associação Cearense de Cinema e Vídeo. Gyl Giffony abre o evento falando das propostas do fórum e sobre a importância de conhecer e reconhecer as demandas de cada linguagem. Cada representante teve 10 minutos para explanar sobre o tema respondendo os questionamentos: Como se encontra a articulação de artistas em Fortaleza; O relacionamento com o poder público e suas principais pendências. Siomar destaca dois pontos importantes para a pauta: o VI Edital das Artes da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará e SECULTFOR

terça-feira, 28 de julho de 2009

CADERNO 3 - DIÁRIO DO NORDESTE (28.07.09)


POLÍTICA
Teatro em questão

"O movimento pretende criar uma nova forma de lidar com a prática teatral, através da ocupação de espaços como galpões e casarões abandonados na cidade, revitalizando o entorno."

Dezenas de grupos participam do movimento Todo Teatro é Político, como os representantes Thiago Arrais, Herê Aquino e Rogério Mesquita. Representantes da classe teatral de um lado, secretarias da cultura de outro. A discussão em torno de políticas públicas para a linguagem foi exposta ontem no 41º Fórum Cearense de Teatro. Com um circuito cultural restrito, Fortaleza necessita ampliar e democratizar o acesso às diversas formas de arte. A partir desse pensamento, dezenas de grupos se uniram em torno do Movimento “Todo Teatro é Político”, com o objetivo de criar a Cooperativa Cearense de Teatro. Exatamente quatro meses após a divulgação da idéia, o 41º Fórum Cearense de Teatro foi levado adiante ontem, no Teatro Sesc Emiliano Queiroz. Segundo Thiago Arrais, um dos representantes do movimento, o fórum, que representa a instância máxima do teatro cearense, mostrou sua insatisfação com relação às políticas públicas para a área. “Expusemos o conteúdo da reuniões com os secretários de cultura, cobramos prazos e definimos novos passos de mobilização no sentido de pressionar o cumprimento das promessas feitas”, explica.Entre outras cobranças, o movimento exige maior compromisso das secretarias de cultura. No caso da Secult-CE, a “bronca” é com relação ao projeto de circulação de espetáculos do Sistema Estadual de Teatro (SET), criticado pelo fórum anterior. “Os grupos contemplados são indicados, não há um processo seletivo. Além disso, linguagens diferentes, como teatro, dança e circo, concorrem entre si. Somos contra”, reclama.A Secult informou por e-mail que o projeto de circulação questionado é, na realidade, um projeto de investimento estadual no valor R$ 250mil, o qual ainda não foi iniciado. “Somente será feito após uma ampla discussão no próprio sistema de teatros e fórum da linguagem”.Na sexta-feira, durante audiência com o secretário Auto Filho e representantes do movimento, foi decidido que, assim que o recurso solicitado para o edital das linguagens artísticas (no valor de R$ 3,2milhões) for aprovado pelo Governador, um novo debate será estabelecido entre a secretaria e o movimento. Após a reunião, Thiago Arrais também informou que uma proposta de ocupação de espaços públicos por grupos de teatro da cidade foi discutida. “O Secretário pediu que fizéssemos uma lista com cinco imóveis para que seja avaliado. Também faremos uma lista com obras de autores cearenses sobre teatro para serem publicados”, afirma.Já o diálogo com a Secultfor é definida por representantes como “complicado”. De acordo com eles, a Secretaria não possui nenhum projeto para as artes cênicas. Mesmo o pagamento de parcelas de editais, explicam, ocorrem com atraso. “O edital de 2009, por exemplo, só será lançado no fim do ano”, conta. Outro problema diz respeito à realização de um festival de teatro de Fortaleza, determinado por lei de 15 anos atrás, que segundo o movimento, não ocorre há dois anos. Ao longo desse tempo, afirmam que somente cinco edições foram realizadas.Por e-mail, em resposta às acusações, a Secultfor informou que a última reunião com o grupo aconteceu em maio, quando foi acordado uma deliberação comum: o movimento iria formular e apresentar à Secultfor uma proposta para um programa de formação direcionada aos grupos de teatro de Fortaleza. “Inclusive nos comprometemos a incluir essa proposta para um programa de formação em nosso Plano Pluri Anual - PPA 2010 - 2013”.No entanto, segundo a Secretaria, o movimento não apresentou proposta. “Mesmo assim incluímos em nosso PPA e já estamos trabalhando na elaboração de um plano municipal para formação em artes”.Com relação ao festival de teatro, a secretaria explicou que, em 2008, por problemas orçamentários e restrições impostas pela legislação eleitoral, o festival não pôde ser realizado. “Em contrapartida, a Secultfor realizou um curso de formação de atores e atrizes com o russo Valentin Teplyakov”. Neste ano, a justificativa da Secultfor para a não-realização do festival é a de que “a Prefeitura de Fortaleza teve que readequar sua programação orçamentária em virtude dos efeitos da crise econômica internacional, além da diminuição do repasse do Fundo Participação dos Municípios, o que também gerou um impacto no orçamento destinado à cultura”.

Propostas
A idéia de uma Cooperativa Cearense de Teatro surgiu no último dia 27 de março, quando o movimento “Todo Teatro é Político” apresentou uma série de proposições para a classe. O intuito é pleitear uma nova forma de lidar com a prática teatral. “O teatro local ainda é semi-amador, estamos em busca da profissionalização, de maneira que tenhamos ressonância na vida social”, explica Thiago Arrais, um dos representantes do movimento, ao lado de Herê Aquino, do grupo Expressões Humanas, e Rogério Mesquita, do Bagaceira Grupo de Teatro, alguns dos que integram a iniciativa.Ao todo, são cerca de 20 grupos de teatro envolvidos. Entre as reivindicações, destacam-se, além do desejo de profissionalização, sustentabilidade e estabilidade para a classe. O objetivo é executar projetos que não se limitem à montagem de espetáculos. “Fortaleza tem um circuito cultural claro. A maior parte da cidade fica descoberta. Queremos que os grupos se proponham a penetrar na cidade e a manter um diálogo vivo com ela”, afirma Thiago.Dessa forma, através da ocupação de espaços, como galpões, casarões abandonados, o grupo quer trabalhar o entorno, revitalizando áreas, formando platéia e também descobrindo novos artistas.

SÍRIA MAPURUNGA
Repórter

VIDA E ARTE - O POVO (27.07.09)


Políticas públicas
A hora da decisão


"O movimento todo teatro é político realiza hoje o 41º Fórum Cearense de Teatro. no foco das discussões, a cobrança aos gestores públicos de uma maior atenção "

Angélica Feitosa
Redação

A cena está preparada. De um lado do palco, os profissionais de teatro repassam o texto com as exigências feitas aos gestores culturais do Estado e do Município para a área. De tão cobrada e repetida, a fala já está na ponta da língua. Do outro, o diagnóstico de um conjunto de políticas públicas crescentes para o setor nos últimos anos. Ação, no entanto, ainda insuficiente para dar conta da demanda dos grupos locais, diante da necessidade de difusão e formação de plateia. A cortina do espetáculo será aberta hoje para quem quiser não só assistir, mas participar. A partir das 19 horas, o 41º Fórum Cearense de Teatro, organizado pelo movimento Todo Teatro é Político, realiza-se no Teatro Sesc Emiliano Queiroz para discutir vários pontos da atenção dos gestores culturais para a área do teatro. Em suma, a conversa se foca em dois pontos: na cobrança de realização das promessas feitas para ao setor e na reformulação das políticas públicas aplicadas hoje para as artes cênicas. Entres os principais questionamentos, estão os focos dados aos editais das artes. “Eles priorizam a realização de espetáculos ao invés da manutenção dos grupos. Assim, um grupo precisa criar um projeto a cada ano para montagens, ao invés de aprofundar na pesquisa. Os espetáculos acabam ficando pouco tempo em cartaz e circulando pouco”, aponta o diretor Tiago Arrais. Herê Aquino, do Grupo Expressões Humanas, acrescenta que, além de ser necessária uma elaboração de edital com a participação dos grupos de teatro, é preciso pensar uma maneira de difusão dos grupos pela cidade. “É preciso viabilizar maneiras de criar uma cadeia produtiva para o teatro”, pontua a diretora. Segundo os artistas, existe uma dificuldade de estabelecer um diálogo com os gestores de cultura. De acordo com eles, a Secretaria da Cultura do Estado (Secult) é mais acessível que a do Município. “O diálogo com o secretário da Cultura, embora exista a demora de respostas, acontece com mais frequência. Já com a secretária de Cultura de Fortaleza a questão é mais grave. Não existe uma política pública para o teatro, o Festival de Teatro de Fortaleza não se realizou nem esse ano nem ano passado e ainda existe um atraso de pagamento de algumas parcelas de editais anteriores”, cobra Tiago Arrais. As cobranças também versam sobre os valores destinados às montagens e, principalmente, às manutenções dos grupos. Os atores apontam como avanço o fato de a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) ter uma categoria destinada ao custeio do grupo, mas questionam os valores disponibilizados. “Ganhamos a manutenção com R$ 24 mil, insuficientes para a necessidade do grupo”, calcula a atriz Samya de Lavor, do grupo Bagaceira que, em 2006, foi contemplado com o edital das artes da então Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza, hoje Secultfor. “Nós queríamos abrir a casa, montar um café, fazer dele um local de apresentações e de encontros, mas não foi possível”, pontua a atriz. O secretário da Cultura do Ceará, Auto Filho, recebeu, na última sexta, um grupo com representantes do movimento. Eles esperavam a resposta sobre uma proposta de edital entregue ao secretário no início de junho, com as alterações que o setor teatral entende como necessárias aos grupos. “Já houve um avanço e devemos elaborar uma proposta de ocupação de espaços na cidade, deverá haver um financiamento para a publicação de livros. Existe uma negociação. O secretário afirmou que os editais devem ter um montante, no total, de mais de R$ 3 milhões, exceto o audiovisual”, conta, confiante, o diretor Tiago Arrais. O primeiro ato do espetáculo é antigo. O seu início não está na abertura das cortinas de hoje à noite, mas, sim, na organização dos grupos de teatro do Ceará, que vêm se reunindo de forma mais efetiva. São cerca de 20 grupos, a maioria de Fortaleza. Eles pedem uma maior participação nas decisões de como o dinheiro para o teatro deverá ser aplicado. Anteriormente, em 2004, a ideia era envolver outros estados do Nordeste. A falta de mobilização, entretanto, fez que a então Conexão Nordeste transformar-se em movimento Todo Teatro é Político, formado com grupos apenas do Ceará.

REPERCUSSÃO
O que diz a Secult > A Secretaria da Cultura do Ceará divulgou nota sobre a questão: “A Secult continua recebendo não só do teatro, mas de todos os segmentos, as contribuições para o aperfeiçoamento dos editais de incentivo às artes. O último, inclusive, foi elaborado com esta discussão pública. Isso prova que a Secult sempre esteve aberta para discutir com a classe artística e tem chamado e recebido todos para este dialogo por entender que a política pública se faz em permanente construção coletiva”, afirmou a nota. Ela informou ainda que, para 2009, a Secult iniciará o debate novamente tão logo seja aprovado o recurso solicitado para o Governador. O valor pleiteado é R$ 3,2 milhões.


O que diz a Secultfor > Por e-mail, a Secretária de Cultura de Fortaleza afirmou ter uma agenda diária de atendimento a um público representativo de todos os segmentos do campo cultural da cidade. Sobre o Festival de Teatro de Fortaleza, a Secultfor informa que foram investidos R$ 265 mil, em 2006, e R$ 285 mil em 2007. “Em 2008, por problemas orçamentários e restrições impostas pela legislação eleitoral, o festival não pôde ser realizado. Em contrapartida, a Secultfor realizou um curso de formação de atores e atrizes com o russo Valentin Teplyakov”, apontou. Em 2009, a secretaria alega a crise econômica mundial e a diminuição do repasse do Fundo Participação dos Municípios como razões para a não realização do encontro. Sobre o pagamento das parcelas dos editais, a secretaria diz que apenas três contemplados não receberam a primeira parcela.

SERVIÇO
41º FÓRUM CEARENSE DE TEATRO - organizado pelo movimento Todo Teatro é Político. Hoje, a partir das 19 horas, no Teatro Sesc Emiliano Queiroz (avenida Duque de Caxias, 1701 - Centro). Aberto ao público. Outras informações: 8835 2320/ 9942 8490.

CADERNO 3 - DIÁRIO DO NORDESTE (10.07.2009)

ARTES CÊNICAS
Teatro em discussão

"Audiência pública discutiu a criação de políticas direcionadas às Artes Cênicas cearenses."
Com o intuito de discutir políticas públicas para as artes cênicas do Estado foi realizada, na última quarta-feira (8 de julho), no Complexo das Comissões da Assembléia Legislativa, uma audiência pública, presidida pelo deputado estadual Artur Bruno.O encontro contou com a participação de representantes do Movimento Todo Teatro é Político, de implementação da Cooperativa Cearense de Teatro; da Secretaria de Cultura do Ceará (Secult), do Conselho Estadual de Cultura do Ceará (CEC) e do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Ceará (Sated-CE).
Discussão
De acordo com o ator do grupo teatral 3X4, Gyl Giffony, o encontro foi bastante produtivo e os artistas puderam refletir criticamente junto ao poder público algumas questões pertinentes à área, como a criação de uma lei de fomento para as artes cênicas cearense.“Estamos buscando um diálogo com as secretarias de cultura do Estado e do Município. Na nossa rotina de trabalho enfretamos muitas dificuldades que precisam serem comunicadas para esses órgãos”,diz.Segundo Giffony, não existe, por exemplo, nenhuma política forte para as artes cênicas na Secretária de Cultura de Fortaleza (Secultfor), o que se têm são projetos ineficazes e fragéis para fomentar a arte teatral no Ceará. “Há dois anos que não é realizado o Festival de Teatro de Fortaleza, um evento importante, estabelecido por lei. Já disseram, inclusive, que neste ano, ele também não será realizado devido a falta de recursos financeiros da Prefeitura”, comenta Gyl.Outro ponto ressaltado pelo ator é a falta de pagamento da primeira parcela do Edital de Incentivo às Artes -2007, da Secultfor, em que foi selecionado na categoria de Montagem. “Isso é um descaso com o teatro. Queremos mudar esse quadro e buscar apoio nos comunicarmos melhor com a cidade”.A diretora teatral do Grupo Expressões Humanas, Herê Aquino, destacou que o principal motivo da audiência é a criação da lei de fomento para as artes cênicas: “A partir dela, poderemos melhorar outras questões como a formação e a utilização dos espaços públicos”, explica.
Festival de teatro
Finaliza hoje as inscrições para a programação paralela do 16° Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga (FNT), que ocorrerá entre os dias 4 e 12 de setembro. O evento também tem como palco de suas ações as cidades vizinhas à Guaramiranga, no Maciço de Baturité.Podem participar do festival, grupos cearenses de teatro de atores e grupos com bonecos e espetáculos voltados para os públicos adulto e infantil.A programação paralela abrange a Mostra Ceará (palco italiano ou rua),a Mostra Infantil, a Mostra no Maciço e Te-Ato à Meia-Noite. Os inscritos podem indicar a área que desejam participar e a organização poderá propor modificações conforme a estrutura do Festival Nordestino de Teatro.Para estas mostras serão selecionados 20 espetáculos. O FNT dará transporte, alimentação e hospedagem durante o período de participação do grupo e os cachês serão negociados com cada companhia. O regulamento e a ficha de inscrição estão disponíveis no site: www.agua.art.br .

CADERNO 3 - DIÁRIO DO NORDESTE (26.03.09)


COOPERATIVA (26/3/2009)
Os espaços do teatro


"O teatro cearense vem se renovando e ampliando seu espaço. Com a criação de uma cooperativa muitas mudanças ocorrerão no teatro do Ceará. A exemplo de São Paulo, a Cooperativa Cearense de Teatro traçará novos planos para a cena cearense. O primeiro passo para a criação da sociedade será dado na próxima sexta, Dia Nacional do Teatro."
No final dos anos 70, apesar da ditadura militar, o teatro amador brasileiro passou por um momento criativo e de grande agitação. Federações de teatro pululavam nos quatro cantos do País . Grupos mostravam um teatro quase livre (vivíamos, enfim, os anos de chumbo). Paradoxo? Sim, mas os paradoxos são extensão do homem desde a Grécia antiga. Rio, São Paulo, Brasília e Ceará, enfim, o teatro parecia que realmente iria encontrar seu caminho.“Macunaíma”, de Antunes Filho, “Trate-me Leão”, do Asdrubal Trouxe o Trombone, “Rosa do Lagamar” e “Morro do Ouro”, da Comédia Cearense. Os exemplos são muitos. Montava-se e estudava-se o marxista Bertold Brecht em quase todo o Brasil. “Liberdade, Liberdade”, de Millôr Fernandes, “Eles não Usam Black Tie” ou “Um Grito Parado no Ar”, ambas de Gianfrancesco Guarnieri, juntavam-se a outros espetáculos cuja linguagem reformulava a cena brasileira da época, como “Arena Conta Zumbi” e “Arena Conta Tiradentes”. Época em que o Teatro do Oprimido de Boal era uma das grandes referências. Enfim, vivia-se um “boom” tanto do teatro profissional, quanto do amador. Um teatro livre na ditadura dos generais. Apesar, da ditadura. Mas a febre passou, as federações caducaram. A democracia chegou e, infelizmente, a cena teatral brasileira definhou. Outro paradoxo? Os anos 80 e 90 foram também de muitas experimentações, mas não tão agitados e criativos, pelo menos na cena teatral, quanto o final dos anos 70. Ou da década de 60, como pregou Zuenir Ventura, em “1968, o ano que não terminou”. E não terminou mesmo.No entanto, o teatro começa uma retomada com mais força. A nova geração pensa alto. Universidades abrem cursos de graduação, especialização, mestrado e doutorado. Pensa-se o teatro de forma profissional. Dia 27, sexta, é o Dia Nacional do Teatro. A cena cearense vem mudando, paulatinamente, e para melhor. Já faz parte, inclusive, do mapa do teatro brasileiro. E o que é melhor: busca por melhores dias. É o que prova um dos eventos programados para 27: 12 grupos do teatro do Estado anunciarão a criação da Cooperativa Cearense de Teatro. Um movimento, segundo o diretor de teatro Thiago Arraes, inédito entre os segmentos artísticos do Estado. Formado pela em teatro pela UFRJ e mestre pela USP, Arraes é uma das novas cabeças pensantes da cena cearense. Já trabalhou com Aderbal Freire-Filho, José Celso Martinez Corrêa, Antônio Abujamra, entre outros. Atualmente monta em Fortaleza “Hameletê Suol”, espetáculo selecionado em edital da Secultfor.
Mobilização
O objetivo da cooperativa é que os próprios artistas passem a assumir a condução do processo teatral do Estado. “Não se trata de uma representação de classe tradicional, corporativista, mas sim de um processo liderado e conduzido pelos próprios artistas. Isso se dará com maior diálogo entre os grupos e as instâncias culturais - sejam municipais, federais ou estaduais. O sentido maior é tirar o teatro da sua condição de gueto”, assinala Thiago Arraes.Não basta, enfim, esperar das políticas públicas conduzidas, na maioria das vezes, por burocratas, soluções prontas, pacotes bonitinhos, mas ordinários. Trata-se de um novo olhar dos reais protagonistas se mobilizando e traçando seus destinos. “O que pensamos é levar a arte para o centro das questões - não apenas o teatro. Com isso, vamos evoluir de forma concreta”, acredita Thiago.Na sexta, 27, Dia Nacional do Teatro, os doze grupos envolvidos com a cooperativa farão várias performances e chamarão a atenção para a importância do projeto. A movimentação começa às oito horas da manhã prosseguindo até à noite. Será lido, na ocasião, um manifesto. Além de Thiago, estão à frente do projeto os diretores Herê Aquino, Karlo Kardoso, Yuri Yamamoto, Rogério Mesquita, Nelson Albuquerque, entre outros. “O movimento é de todos, daí a sua importância”, frisa Thiago.O manifesto “Todo Teatro é Político” norteará a base da criação da cooperativa e assinalará os principais pontos para a implantação de uma política pública para as artes cênicas do Estado. Além da leitura do manifesto durante todo o dia, os grupos envolvidos, distribuirão panfletos, venderão camisas pela causa da cooperativa. Também serão afixadas faixas, cartazes e banners com os dizeres do manifesto e as reivindicações da cooperativa .
Modelo
Thiago Arraes diz que o modelo de cooperativa a ser implantado no Ceará será o mesmo, com algumas adaptações, da Cooperativa Paulista de Teatro. “Ela reúne, atualmente, quase mil grupos paulistas. Hoje o movimento teatral paulista é dos mais efervescentes e a cooperativa de grande importância”. Nei Piancenti, diretor da cooperativa de São Paulo, também estará presente na sexta nas manifestações pró-cooperativa cearense. Além disso, serão realizados nos dias 25 e 26 de abril fóruns e encontros para o debate sobre a formação da cooperativa cearense e seus estatutos. O presidente da cooperativa paulista dará assessoria.A cooperativa terá duas frentes de atuação. A primeira é o trabalho que realizará em função dos cooperados. A segunda será a manutenção de um diálogo permanente com o poder público, seja nas instâncias municipal, estadual ou federal. “Queremos ter voz nessas esferas para construir um modelo realmente factível para as artes cênicas do Estado”, afirma Thiago Arraes.Para ele, além de uma ação inédita, a cooperativa nasce em um momento de amadurecimento do teatro cearense: “Os artistas não querem esperar apenas que as resoluções partam do poder público, mas sim, querem retomar as rédeas do próprio destino”, repete Thiago. E a palavra “destino” guarda forte simbolismo quando se fala de teatro.O teatro cearense, apesar dos avanços, ainda enfrenta vários problemas. A retomada passa, também, pela conquista e formação do público. “É preciso que nos aproximemos do público através de novas estratégias, mas isso só será possível através de uma classe teatral mais fortalecida”, diz. “É necessário romper com o circuito cultural configurado atualmente. Somente com novas sedes, teatros, enfim, novos espaços pode-se romper com a antiga estrutura”. Atualmente, os grupos contam apenas com quatro ou cinco espaços . O essencial é que eles ocupem a cidade como o todo, sensibilizem o público para a necessidade do teatro. Isso, também, só será concretizado através do apoio do poder público.Bem, comecei este texto relembrando a cena teatral brasileira do final dos anos 70. Citei alguns grupos e espetáculos que até hoje são referência na história do teatro brasileiro. Falar da “retomada do teatro brasileiro”, a exemplo do que ocorreu no cinema, talvez não seja adequado. Mas ações, como a criação de uma cooperativa, e a formação e renovação de linguagem teatral (sem esquecer da tradição) através dos diversos cursos de teatro que se espalham por todo o País - tanto de graduação, mestrado e doutorado - vão com certeza dar novo impulso ao teatro brasileiro. A esfera pública não dá conta das necessidades dos grupos de teatro. Por isso, a cooperativa. Por isso, a mobilização. Mobilização para formar platéias e reaver o real sentido e razão de ser do teatro."

JOSÉ ANDERSON SANDES
Editor

sábado, 18 de julho de 2009

DE ONDE SURGIU O MOVIMENTO....




O CONTE - Conexão Nordeste de Teatro - Iniciado na Mostra SESC Cariri de Teatro no ano de 2004 reuniu grupos do Nordeste no intuito de promover uma circulação de espetáculos pela região, com mais de 150 grupos no movimento.

O Movimento de Implantação da Cooperativa Cearense de Teatro - Surgiu no final de 2008 e reuniu inicialmente 12 grupos, promovendo uma série de discussões sobre Cooperativa junto a OCB - Organização das Cooperativas do Brasil e as entidades representativas do teatro cearense.

Movimento Todo Teatro é Político - Surgiu com um ato público no dia mundial do teatro (27 de março de 2009) na Praça do Ferreira em Fortaleza onde foi lançado O Manifesto Todo Teatro é Político e uma instalação em protesto ao descaso dos nossos governantes para com o teatro cearense. Desencadeando com a realização do I Seminário Todo Teatro é Político, conseqüentemente audiências com as Secretárias de Cultura do Estado – SECULT/CE e a de Fortaleza – SECULTFOR.

O Movimento Todo Teatro é Político – Pro Cooperativa Cearense de Teatro - Foi o momento de maior adesão da categoria e de entidades representativas como o SATED/CE (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do estado do Ceará), APETECE (Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do estado do Ceará), MTR (Movimento de Teatro de Rua do Ceará) e ABTB/CE (Associação Brasileira de Teatro de Bonecos núcleo Ceará), realizando o II Seminário Todo Teatro é Político – Pensando os Festivais e Mostras de Teatro, culminando numa audiência publica na ALCE (Assembléia Legislativa do estado do Ceará).

O Movimento Todo Teatro é Político / Pro Cooperativa Cearense de Teatro / Pela Lei de Fomento ao Teatro Cearense - Surgiu durante a audiência publica na ALCE, onde aconteceu um debate a cerca da criação de uma lei que fomente o teatro cearense.



Acompanhe tudo o que saiu na imprensa sobre o movimento:




Jornal Diário do Nordeste (26.03.09) http://portal. rpc.com.br/ gazetadopovo/ cadernog/ conteudo. phtml?tl= 1&id=870900&tit=Sobre-a- solidao




Jornal Diário do Nordeste (10.07.09) http://diariodonordeste.globo. com/materia. asp?codigo= 653091
Cooperativa Paulista de Teatro
http://www.cooperativadeteatro.com.br/newsDetails.do?id=764

sexta-feira, 17 de julho de 2009

2ª Reunião com o Secretário de Cultura do estado do Ceará Professor Auto Filho



Hoje dia 19 de junho de 2009, ocorreu mais uma reunião com o Secretário da Cultura do estado do Ceará - Professor Auto Filho, onde estiveram presentes;

Herê Aquino (Grupo Expressões Humana)
Tiago Arrais
Joel Monteiro (Teatro Máquina)
Nelson Albuquerque e Silvianne Lima (Grupo Pavilhão da Magnólia)
Edson Cândido e Fábio Frota (Grupo Imagens)
Almeida Júnior ( Cia Teatral Acontece)
Maninho (Grupo Garajal)
Vanessia Gomes ( Teatro de Caretas e Representante do Movimento de Teatro de Rua do Ceará)
Siomar Ziegler (Cia do Batente)
Oscar Roney (SATED/CE)
Vanessa (SATED/CE)

Na Pauta; Edital das Artes, SET, outros;

Em relação ao Edital das Artes a discussão aconteceu em torno da viabilidade das categorias e dos recursos apresentados, ficando acordado que a SECULT, juntamente com o movimento de estudar outras fontes de financiamento. E que logo farão a contraproposta do Edital. Em relação a Manutenção ficou de se criar um grupo de trabalho para viabilizar um estudo de espaços físicos para ocupação e um projeto de funcionamento de manutenção. E uma ocupação por grupos, dos Teatros que não estejam funcionamento, como o São José esse em parceria com a SECULTFOR, e o IBEU Aldeota este a SECULT está em negociação para adquiri-lo e quer que os grupos ocupem. A Categoria Publicação (está discutida e aprovada no 40º Fórum de Teatro) ficou acordado que a categoria de Dramaturgia já seria atendida este ano, por haver já uma articulação da SECULT que nomeou uma comissão composta por alguns nomes da classe como Oswald Barroso, Ricardo Guilherme e Marcelo Costa, podendo constar mais nomes indicado pelo movimento e que teria um montante de R$150 mil reais para ser gasto urgentemente,(semana que vem) para tanto mais uma comissão (tem que ser criada) para viabilizar está ação com a SECULT.
Em relação ao SET, foi lida a NOTA INFORMATIVA escrita pelo movimento repudiando a atitude da SECULT ao ignorar as propostas enviadas pelo 40º Fórum de Teatro, ficando o Sr. Secretário surpreso por essa atitude da coordenação do SET, que de imediato vetou o Projeto apresentado a categoria e que terá uma nova reunião com todos os outros fóruns do estado acatando um pedido feito por este movimento por considerar nossas propostas viáveis e democráticas.

Gente, mais um passo importantíssimo foi dado na nossa luta por Políticas Públicas para o Teatro Cearense, mais é importante a presença de mais grupos que as pessoas se engajem nessa luta que não é só de alguns, mais sim do Teatro Cearense que está num momento impar de sua história, sabemos que a luta é grande, como sabemos que nosso teatro também é, por isso compareçam as reuniões, temos que criar diversos grupos de trabalhos e frentes, temos muitas ações a fazer...

Carta por ocasião do Seminário Todo Teatro é Político – Pensando os Festivais e Mostras de Teatro

Caros Colegas de Teatro e Gestores Culturais,


Reflitamos juntos:
Em tempos presentes, a quê e a quem serve e se destina um Festival ou Mostra de Teatro?

É fato notório que em época de realidades virtuais, das comunicações globais, da massiva mercantilização dos produtos culturais, os humanos anônimos necessitam de fisicalidade novamente, recuperar a tribo, o encontro... o teatro! Drama primitivo que estava presente na gênese teatral e na realização dos primeiros festivais de teatro que temos notícia: as Grandes Dionisíacas ou Dionisíacas Urbanas, na Grécia Antiga.

Naquele período, a população se encontrava para ver teatro; espetáculos a céu aberto, dias ininterruptos de atividade e comunhão geral em torno de nossa arte. Os conceitos de democracia e de teatro surgem como contemporâneos não por acaso. E hoje o que experimentamos? Como importante passo, nos é necessário em nome de um pungente encontro real e comunitário, rever as funções dos festivais e mostras que atualmente nos são apresentados.

Nessa perspectiva, observamos que a função de um festival deve estar totalmente atrelada ao seu pensamento, aos seus critérios e tema. Por quê e para quê existe? Para tornar-se vitrine do quê? Qual sua razão de existência? Enquanto comunidade e classe teatral temos sede por festivais realizados como política continuada, focada e persistente em seus ideais, e não evento produzido a partir de qualquer toque de caixa. Outro fator importante a ser observado são as formas através das quais esta justificativa deságua na prática:

- Forma de acesso e participação da sociedade e artistas;
- A relação cultural e sócio-econômica do festival ou mostra com a comunidade;
- Impacto e cadeia produtiva que promove em sua região de abrangência;
- Quantidade na programação versus qualidade;
- Eqüidade nos cachês;
- Atividades de formação para artistas e comunidade;
- Formação de platéia crítica, e não quantitativa.

O que advogamos é o estabelecimento de pensamentos e critérios transparentes na consecução de Mostra e Festivais, visto que a grande parte destes sustentam-se por meio de verbas públicas. Vislumbramos ainda a seleção pública, por meio de análise de projetos e formação de comissões seletivas compostas por membros de reconhecido e notório conhecimento na linguagem teatral, como o meio de escolha mais democrático e coerente, ao dar acessibilidade ampla e geral à comunidade artística.

O que desejamos com esta carta e com este encontro é ampliar o espaço dialógico entre os realizadores e gestores de Festivais e Mostras de Teatro no Ceará e a classe teatral, entendendo o enorme ganho que adquirimos com a união de forças, e compreendendo sempre que temos sonhos em comum quando almejamos dias e práticas melhores para a cultura de nosso Estado.
Fortaleza, 04 de julho de 2009.

Movimento Todo Teatro é Político
Pró-Cooperativa Cearense de Teatro

Carta aos Políticos

Ilustres senhores e senhoras, homens e mulheres públicos do Ceará;

O movimento pela implantação da Cooperativa Cearense de Teatro é um importante passo rumo ao amadurecimento das práticas culturais em nosso Estado. Representa, num primeiro âmbito, a luta pela sustentabilidade da produção teatral cearense, encarando-a como atividade efetivamente produtiva, organizada, em pé de igualdade para o diálogo com as demais instâncias sociais.
Sua dimensão, entretanto, vai além. Trata-se, sobretudo, de uma contundente mobilização da classe teatral do Ceará, em favor de um novo lugar para o teatro em nosso meio, teatro mais atuante, mais visível, transformador de sua paisagem social, implicado, por isso mesmo, em transformações de políticas públicas que lhe digam respeito.
Em tempos, felizmente, de madureza democrática, acreditamos que essa interlocução com setores políticos ligados à cultura possa hoje se dar de modo direto, parceria construída em mão dupla, uma vez que a classe teatral afirma-se, aqui, como um setor da sociedade civil de fato organizado.
Parece-nos claro, afinal, que o artista é igualmente um homem público, lidando com outros níveis de interesse e patrimônio sociais, de ordem simbólica e afetiva, do mesmo modo indispensáveis para o aprimoramento da vida humana. Finalmente é a condição comum e primordial de cidadão que nos convoca a este encontro, certos de que a consecução de mudanças essenciais em nosso panorama cultural é um gesto de profunda cidadania, e que o teatro é um bem social que não pode ser protelado pelo Estado.

O Teatro e a Cidade:

Neste sentido, cabe lembrar a íntima relação que o teatro nutre com a cidade, desde seu surgimento. Não é sem razão que o mesmo se deu ao tempo em que a democracia firmava-se entre os gregos, pioneiros desse sistema de governo: sobre o palco grego, a cidade era seu grande protagonista, seu tema e seu próprio espectador; e o teatro, em última análise, comparável a um grande ato cívico. Não resta dúvida quanto ao alcance dessa refinada expressão artística: foi o próprio Hipócrates, pai da medicina ocidental, que afirmou que comparecer a um evento teatral correspondia a um ato de saúde, de cura real.
A História é pródiga de exemplos que confirmam que as experiências democráticas mais robustas beneficiaram-se de um panorama teatral efervescente, uma vez que o que o teatro põe em causa, sob a presença real de atores e espectadores, é o próprio mundo. Espécie de grande tribuna afetiva do seu tempo, ou de igreja laica que liga o Homem ao divino do próprio Homem, o teatro traz em si imenso potencial de educação, não do tipo convencional, mas de corpo e de alma, florescendo livremente inteligências. Diante de sua voraz força de vida, e pela vida, é célebre e certa a máxima: “Só o teatro pode mais do que o crime”. Teatro, em resumo, nos inspira vida, suplanta a morte. É tempo, portanto, de o levarmos mais a sério.

Teatro de Pesquisa vs. Teatro de Mercado:

Tal seriedade, entretanto, pressupõe, como em tudo mais na vida, condições adequadas de realização. Se o Ceará, nos últimos tempos, tem organizado boa parte de suas atividades produtivas, não podemos dizer o mesmo quanto à atividade teatral. Desfalque sem dúvida considerável, inclusive do ponto de vista econômico, quando sabemos que cidades como Buenos Aires e São Paulo têm hoje, em sua programação teatral, um destacado vetor turístico e abocanham também, com ela, bom pedaço do entretenimento local.
São exemplos claros de que, ao se transformarem os meios de produção e exibição artísticos, transforma-se junto a própria qualidade de sua arte, que sai do gueto em que se encontrava para o miolo da atenção de seus contemporâneos, afetando tudo em volta.
Tais transformações produtivas, contudo, precisam compreender o teatro como um ato de inteligência e artesania, que não pode submeter-se a predicados industriais, reprodutivos, oportunistas. Arte coletiva, o teatro demanda condições de pesquisa, estabilidade de trabalho, tempo para a criação. Não pode pactuar, portanto, com a lógica de mercado vigente, que, à sua maneira, gerou o seu modelo de teatro, estilo fast-food, rápido no fazer, rápido no consumi-lo. Um teatro, via de regra, para poucos, inofensivo, e, quando muito, alimentado pela celebridade de nomes midiáticos que passam por aqui a fim de somar novas quantias à sua preciosa grife.
Defendemos, sem dúvida, a profissionalização do teatro no Ceará, deixando claro, todavia, que por trás desse desejo está aquele maior de que o teatro possa alastrar-se, tornar-se um segmento forte em nossa sociedade, maduro artisticamente, e muito mais acessível do que o é hoje, o que só será possível por meio de condições profissionais para sua realização. Parece-nos claro, a esse respeito, que são os coletivos teatrais, organizados sob interesses criativos comuns, comprometidos, primeiramente, com as infinitas possibilidades artísticas a serem desbravadas – que devem liderar essa profissionalização, e não a idéia de um teatro para consumo fácil, preocupado, exclusivamente, com seu êxito comercial.

Políticas Públicas

As atuais políticas públicas não vêm dando conta desse tipo de demanda, sendo dever repensá-las amplamente. Os editais, promovidos pelos nossos órgãos culturais, sejam nas esferas municipal, estadual e federal, não são produzidos de modo a pensar a sustentabilidade da atividade teatral, muito menos os coletivos e grupos de teatro. Estes permanecem sem as mínimas condições de trabalho, tais como dispor de uma sede ou mesmo local onde reunir-se, remunerar seus trabalhadores, produzir seus espetáculos e circular com eles.
É de lamentar que, num momento em que faculdades de artes cênicas, felizmente, irrompem por todo Estado, inclusive nas melhores universidades, não se achem perspectivas de trabalho para seus formandos no plano formal da criação artística. Há, sem dúvida, um descompasso entre desejo e realidade no teatro feito no Ceará atualmente.
Sabemos, no mais, que a jurisdição destinada à produção cultural não costuma beneficiar estas paragens. Seu mais famoso bastião, a Lei Rouanet, ao transferir ao domínio privado o investimento em cultura, praticamente excluiu o Ceará de seu alcance – longe que estamos, afinal, do coração do marketing nacional, sobre o qual a famosa Lei, na prática, se assenta. Para liquidar de vez a questão, a notável concentração de renda de nosso Estado faz com que as possibilidades de captação de recursos para projetos culturais se esgotem nos dedos de uma mão – sem qualquer exagero, não são mais do que cinco os grupos empresariais cearenses que aderem à Lei por aqui, obviamente já selados sobre um jogo de cartas marcadas.
Este é o quadro de políticas públicas que precisa mudar. Entendemos que tal mudança, para ser de fato significativa, deve ser pensada em conjunto, poder público com a classe teatral organizada, em um debate sem atropelos e precipitação, mas que seja efetivo e concreto. O assunto, aqui, supera a simples reivindicação de classe: estamos propondo um novo olhar sobre o Estado, em que a atividade cultural torne a ocupar o lugar que lhe é de direito: que é o do encontro, do afeto, da criação, da identidade coletiva.
Lançamos, a seguir, as bases de três propostas substanciais às nossas políticas culturais para teatro, com as quais acreditamos nos aproximar de um futuro melhor e mais justo para o Ceará, saneado pelo ardor e pela presença da arte.

Mapeamento dos Espaços Públicos para Ocupação pelos Grupos de Teatro:

Consiste em, através da sondagem de espaços ociosos e equipamentos culturais da cidade subutilizados (não somente em Fortaleza, mas também no interior do Estado), disponibiliza-los a projetos de ocupação por grupos de teatro.
O mapeamento tanto mais interessa quando consegue descentralizar o circuito vigente de exibição teatral, estabelecendo o teatro nas mais diversas regiões da cidade, sobretudo em bairros populosos, com imenso potencial de público, para os quais a atividade teatral, até hoje, segue ignorada.
Acreditamos, baseado no êxito de modelos semelhantes em cidades como São Paulo, que, ao se estabelecer numa determinada área da cidade, um grupo teatral tem ali fortes lastros para formação de platéia e de artistas, interação com seu meio, sendo inclusive capaz de transformá-lo (o Centro Cultural Bom Jardim depõe favoravelmente nesse sentido). Afora isso, dispondo de uma sede fixa, um grupo teatral encontra melhores condições para o desenvolvimento de sua arte, sua pesquisa, sua produtividade, sua compreensão de mundo.
Como primeiro passo em direção a essa política, propomos a ocupação de um espaço no Centro de Fortaleza, onde possam reunir-se os grupos que sustentam a causa da Cooperativa Cearense de Teatro, emprestando-se o lugar como sua sede provisória, e também como espaço para ensaio, cursos e exibições teatrais.

Sobre a Gestão do Fundo Estadual de Cultura:

O Fundo Estadual de Cultura, decerto uma importante alternativa dentro da política de mecenato privado, deve, entretanto, ser discutido quanto à sua gestão. Não nos parece que a melhor utilização de seus recursos possa se definir apenas pelo poder representativo de nossos gestores culturais, mas que deva sim, ao menos quanto ao teatro, ser pensada em conjunto com sua classe organizada.
Propomos, portanto, à Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, que se abra ao debate sobre a gestão do Fundo Estadual de Cultura, a fim de que tornemos mais precisas, mais adequadas e menos arbitrárias a aplicação de seus recursos.
Propomos, concretamente, a formulação, em parceria entre SECULT e a classe teatral organizada por nosso movimento, de um edital que esteja a contento do tipo de projeto cultural ao qual estamos visando, que possibilite a ampliação da atividade teatral, sua circulação e formação de platéia, a sustentabilidade dos grupos e coletivos teatrais e que enseje à sua profissionalização.

A Criação de uma Lei que Fomente a Atividade Teatral no Ceará:

Para além das necessárias iniciativas a serem tomadas pelo poder executivo, nas esferas municipal e estadual, é absolutamente imperiosa uma política de fomento ao teatro cearense que não se limite a gestões de governos, sendo, na verdade, uma política de Estado. Algo somente possível se consolidado pela forma da lei.
Propomos, assim, ao poder legislativo de nosso Estado e Município, através das suas comissões de educação e cultura e na figura específica de nossos legisladores, o debate em conjunto para a criação de uma Lei que fomente a atividade teatral no Ceará, contemplando a pesquisa, os coletivos teatrais, a estabilidade de suas práticas e demais pontos a serem discutidos posteriormente.
Mais uma vez, é possível afiançar, por meio da experiência de outras cidades, o êxito que um tipo de lei como essa acarreta na sua paisagem cultural, potencializando uma atividade até então obscurecida, que não precisa de muito para revelar o tamanho da sua abrangência: o teatro.
É preciso deixar claro que tais propostas devem ser encaradas como um conjunto de ações que se complementam. Isoladamente, elas não resolvem a questão (mesmo somadas também não. Ainda que já transformem muita coisa ao seu redor). Acreditamos que o momento é propício para sua realização, façamos. O teatro promove interesses coletivos consideráveis. Os quais vêm recebendo, felizmente, da política no país, em nosso Estado e em sua capital, uma maior atenção.
É hora de dar esse passo, em nome de melhores dias para todos.
Evoé!

Fortaleza, 26 de abril de 2009.

Movimento Todo Teatro é Político
Pró - Cooperativa Cearense de Teatro.

Manifesto

Nunca o ser humano precisou tanto da arte como agora. A tensão cada vez maior entre o “eu” e o “nós” só é suportável quando derivamos pelo mundo simbólico que a arte nos proporciona. A desertificação provocada pela modernidade provocou uma devastação tão mais intensa no interior do indivíduo do que até mesmo no seu entorno. A terra arrasada não é a que vemos, é a que sentimos. 
                                                                                                                                      Batista de Lima



  O manifesto “Todo Teatro é Político” é a representação dos anseios de doze (12) grupos teatrais do Estado do Ceará que, atualmente, estão à frente do movimento em prol da criação da Cooperativa Cearense de Teatro e dos demais grupos, artistas e outros que venham subscrever esse documento.
A cultura é obra e identidade de cada povo. Fruí-la e produzi-la é um direito de todos. Esse direito é reconhecido e previsto em lei. Compreendemos, porém, que o direito não é dado, mas conquistado. Todo direito é fruto do exercício da luta. Acreditamos que mais do que políticas culturais é preciso desenvolver uma cultura política, e é guiado por este pensamento que, hoje, estamos aqui, artistas e ativistas, produtores e fruidores da cultura, com nossas armas: palavras, sons, movimentos, cores, gestos e consciência. Em um exercício de construção de mais uma luta. 
É com essa compreensão que os grupos, artistas e técnicos de teatro do Ceará sentem a necessidade de criar um espaço dialógico, uma ferramenta coletiva de luta, um instrumento de gestação de idéias e objetivação das lutas daqueles que fazem o Teatro Cearense. Acreditamos que o cooperativismo é essa forma de organização em que, mesmo sendo plurais em nossas criações, possamos estar juntos num coletivo de coletivos, na conquista de direitos, no fortalecimento da organização e na criação de mecanismos de fomento para a atividade e a produção teatral de nosso Estado. 
 Intentamos ainda que o teatro deva estar aliado à construção de uma ação que discuta não apenas o fazer teatral, como também o papel do artista e da arte nesta sociedade passiva e indiferente diante da qualidade do que é produzido, nesta conjuntura onde a preocupação está apenas com a vendabilidade, fazendo com que as manifestações artísticas sofram a pressão proporcionada pela indústria cultural globalizada e mercantilista. 
O panorama cultural de nosso país reflete uma evidente inclinação dos governos a valorizar a quantidade numérica de suas realizações em detrimento da qualidade e do fundamento das atividades artísticas que deveriam fomentar. Essa política está alicerçada também em uma má distribuição dos recursos distribuídos, na transferência da administração do dinheiro público destinado à produção cultural para as mãos das empresas, através dos editais, por fim, em investimentos que privilegiam o mercado e eventos promocionais.
 Diante dessa situação o que vemos é uma produção artística encurralada entre uma mercantilização imposta e investimentos governamentais vergonhosos. Hoje, a nível federal a cultura ocupa apenas 0,2% no Orçamento Geral da União, ou seja, a criação artística no Brasil vale 0,2% das preocupações oficiais. 
 Com esse manifesto desejamos provocar uma discussão com os diversos setores sociais sobre os investimentos governamentais na área teatral, bem como, repudiar ações que reduzam as manifestações artísticas a meras mercadorias e, finalmente, reivindicar políticas públicas urgentes que permitam investimentos diretos na pesquisa e produção teatral continuada e de qualidade, originadas na atividade dos coletivos teatrais, e que se contrapõem, entre outras coisas, a massificação cultural, a perda de paradigmas humanos e ao mecanismo capitalista alheio aos direitos básicos do cidadão e que vê a arte como mero produto.
 Entre nossas reivindicações estão: 
  
 * A criação, urgente, de políticas culturais públicas que invistam diretamente na pesquisa e produção continuada, originária da atividade dos coletivos teatrais; 
 * A criação de Programas Permanentes para o teatro nos âmbitos municipal, estadual e federal com recursos orçamentários e geridos com critérios públicos e participativos; 
 * A efetivação imediata do Conselho Municipal de Cultura, paritário e deliberativo;
 * A efetivação do Fundo Municipal de Cultura e sua gerência atrelada ao CMC;
* A abertura e democratização de uso dos espaços públicos, tais como as escolas, centro sociais urbanos, bibliotecas, teatros e anfiteatros;
* Não à concorrência desleal dos governos municipais e estaduais como produtores de cultura e sim à parceria e ao fomento da produção cultural.
* A criação de um Fundo Público para a Cultura, através de Lei. 
* Que este fundo seja o responsável pela implementação de políticas públicas para todas as áreas da cultura. 
* Que ele opere através de editais públicos em todas as regiões do Brasil com a participação paritária, em suas comissões de seleção, de representantes escolhidos pelo governo e pelos participantes dos respectivos editais. 
* Que este fundo tenha uma dotação orçamentária mínima anual definida pela lei, e que portanto esta lei seja encaminhada pelo poder executivo como um projeto de governo. 
* A imediata implantação do projeto “Prêmio Teatro Brasileiro” sob a forma de um edital nacional ainda para o ano de 2009. 
* O descongelamento dos 75% do orçamento da união para o Ministério da Cultura. E um aporte de verbas suplementar para que ele atinja o mínimo de 2% do orçamento geral da União. 

Acreditamos que a cultura deva ser prioridade do Estado, por ser obra e identidade de um povo e por fortalecer o exercício crítico da cidadania na construção de uma sociedade democrática. Por isso é que hoje aqui nos reunimos. Para celebrar a antevisão de concretização do ideal daqueles que parafraseando Shakespeare acreditam que a arte e a cultura são a matéria-prima de que são feitos os sonhos.